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Drag Race: das corridas de rua à legalidade nas pistas

No próximo final de semana (20 e 21/04), acontece em Tremembé, a quarta edição da Gump’s Drag Race, talvez a mais importante prova de arrancada de Harley Davidson no Brasil, e que reúne uma enorme quantidade de pilotos do Brasil inteiro, na busca de conquistar o título de Harley mais rápida do Brasil.


Julio Gump na Gump's Drag Race

No sul do país, também temos a Liberty Drag Race, que acontece no litoral catarinense e também já se fixou na história como a primeira corrida de arrancada de Harley Davidson do sul do nosso mapa.


Mas, quando esse tipo de prova surgiu e como ela foi se especializando nas grandes motos americanas?


A História


O escritor John Stein, em seu livro, Motorcycle Drag Racing: A History, nos faz lembrar que as Drag Races, como conhecemos hoje, tiveram seu início nas corridas ilegais de rua. O motivo é claro: acessibilidade.


Eram poucas as pistas oficiais de arrancada, mas ruas temos em todo lugar, e o espírito competitivo entre os pilotos existe desde que meninos e meninas aprenderam a pedalar seus primeiros velocípedes Bandeirante.


Aliás, as corridas de rua não são exclusividade de programas do Discovery Turbo, pois o próprio estilo Café Racer surge de corridas de motos clássicas entre pubs e cafés na Inglaterra, criando um verdadeiro estilo de vida e o mais antigo motoclube do mundo (que trataremos em outro artigo).


Obviamente que essas corridas de rua, especialmente nos Estados Unidos, não eram bem vistas pelas autoridades policiais, e foi em 19 de julho de 1950 que, cansado do jogo de gato e rato com a polícia, que C. J. “Pappy” Hart cria a primeira pista de arrancada dos Estados Unidos, em Santa Ana, na Califórnia, em uma pista de um pequeno aeroporto.


C. J. “Pappy” Hart

Hart e seu sócio Frank Stillwell fizeram um acordo com os donos do pequeno aeroclube e passaram a alugar sua pista de decolagem todos os domingos. Nesse momento, Hart também determinou que a corrida deveria ter ¼ de milha (402m, aprox.). Essa regra seria, no entender de Hart, suficiente para dar publicidade ao esporte.


A moto mais rápida dessa pista foi uma Harley Davidson EL, apelidada de “the Beast,” que atingiu 121 MPH (194 km/h).


Na pista de Hart correram pilotos como Bud Hare, Tommy Auger, Pete Lockhart, Lloyd Krant, Bill Johnson, Mike Ward e Pat Presetti, entre os anos de 1950 a 1956.


Em 1958, a Harley Davidson lançou um motor que mudaria ainda mais a história das drag races. O motor Sportster XLCH se tornou a escolha de muitos aspirantes e muitos pilotos célebres na pista. Nas mãos de construtores talentosos, como Leo Payne e Tom Reiser, as dragsters tocadas pelo motor de alta compressão eram formidáveis.


Foi em 1971 que Joe “Granddaddy” Smith fez um tempo menor que 9 segundos com sua Shovelhead, apelidada de “King Rat”. Nesta década, Smith também se tornou o primeiro piloto de drag race patrocinado pela própria Harley Davidson.


Harley Davidson Dragster

Segurança


As primeiras pistas de arrancada, obviamente, não tinham a preparação das pistas profissionais de hoje. Eram pistas de pouso de pequenos aeroportos ou estradas sem uso. Conta-se que a pista de Paradise Mesa, em San Diego, exigia que os pilotos tivessem um bom freio para parar antes do precipício que havia no final.


Os pilotos sequer usavam capacete, que só começaram a aparecer com o surgimento do Cromwell, nos anos 50, e muitas vezes corriam só com uma camiseta e calça jeans. Eram raros aqueles que usavam botas de couro para, pelo menos, proteger os pés no caso de acidentes.


A luz verde não era dada por um totem como vemos hoje nas pistas, mas pelo Flagman, que se posicionava a 6 metros dos pilotos e liberava o inferno nas pistas com o balançar de seu estandarte. Era quase impossível identificar uma queima de largada no “olhômetro”.


No início das drag races os patrocinadores eram quase inexistentes, já que as corridas ficavam fora do mainstream das provas de automobilismo e o prêmio era só um troféu, na maioria das vezes. O que incentivava aqueles pilotos corajosos e suas máquinas incríveis era o sabor da vitória e o gostinho de ter a moto mais rápida daquela região.


Inclusive, há uma história interessante da pista de Santa Ana. Num determinado momento, os pilotos pediram a Hart um prêmio em dinheiro. Ele, por sua vez, se ofereceu para recomprar o troféu do vitorioso por 7 dólares. Se você ganhasse algumas vezes e revendesse o troféu para o organizador, conseguiria bancar um churrasquinho com a galera de vez em quando.


Foi só depois de 1965 que a mídia especializada em esportes de motor resolveu olhar com bons olhos as drag races e a coisa começou a ganhar corpo e notoriedade. Antes disso, as drag races eram consideradas o primo sujinho das corridas de motos e carros.


Gump’s Drag Race


Ainda que as corridas de arrancada de carros e de motos diversas já existam há um bom tempo no cenário nacional, que também conta com as corridas ilegais nas ruas das grandes cidades, incentivadas por filmes de hollywood reverberando em cabeças fracas, as provas de arrancada especializadas em Harley Davidson só começaram a acontecer há alguns anos.


Julio Gump, idealizador da Gump's Drag Race

O primeiro evento organizado que gerou uma mudança no cenário, sem dúvida, foi a Gump’s Drag Race, que nasceu no final de julho de 2021 na pista de arrancada Race Valley, no município de Tremembé, SP.


A pista, que realiza constantemente corridas de carros e motos, foi palco da primeira drag race especializada em Harley Davidson do país.


Agora, já estamos nos aproximando da quarta edição desta prova que entrou no calendário das principais competições de Harley Davidson em nossa pátria e que reúne o que há de melhor entre pilotos, mecânicos, fabricantes e todo um universo que circula em torno das motos customs.


Ainda há tempo de vir conhecer de perto a Harley Davidson mais rápida do Brasil, nos próximos dias 20 e 21 de abril. Acesse o site https://gumpsdragrace.com.br e garanta seu ingresso.




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