Capacete Aberto ou Fechado em 2025? Vantagens, Desvantagens e Teste Real com o Urban Tracer S
- José Caetano

- há 2 dias
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Todo motociclista que aprecia o estilo clássico já se viu diante do espelho, ajustando o capacete, e se perguntou: até que ponto vale abrir mão da proteção total em nome da liberdade e da estética?
Durante anos pilotei exclusivamente com capacetes abertos, desses que deixam o rosto livre para sentir o vento e ouvir o ronco do motor com clareza quase poética. Cheguei, inclusive, a usar aquelas viseiras bolha, no melhor estilo motoqueiro malvadão piloto de Harley-Davidson. Mas, depois de um certo tempo, quando comprei minha Street Glide, comecei a usar capacete fechado e confesso que não me recordo os motivos que me fizeram trocar de estilo.
Porém, nessa Black Friday, fazendo pouco mais de um ano que saí do mundo das motos cruisers e passei a pilotar uma clássica moderna, minha Bonneville T120 Black, comecei a navegar em busca de um capacete aberto que combinasse perfeitamente com o estilo da moto, sem perder muito na segurança, e foi aí que encontrei o Urban Tracer S.

Capacete aberto vs. Capacete fechado
Depois de usar o novo capacete, a experiência mudou algumas certezas que eu carregava. Eis a análise sincera, sem rodeios nem romantismo excessivo.
As diferenças técnicas fundamentais são simples, mas decisivas.
O capacete fechado, ou integral, envolve toda a cabeça obviamente, incluindo a mandíbula. É o padrão máximo de segurança homologado pelos órgãos competentes. Quando o impacto acontece, não há concessões: a energia é distribuída pela carcaça inteira. Então, no quesito segurança, capacete fechado sempre tem primazia e ponto final.
O capacete aberto deixa o rosto exposto. Pode vir sem viseira, com viseira tipo bolha ou – como é o caso do Tracer S – com viseira longa acoplada que desce até o queixo sem tocar o nariz.
Aqui vale um parêntese, pois ainda existe ainda o capacete modular, que levanta a queixeira, mas esse geralmente pesa mais e custa o dobro.
Agora, as vantagens e limitações reais, sem maquiagem:
Os capacetes abertos oferecem ventilação imbatível. No verão brasileiro, acima dos 32 °C, a diferença para um integral é de conforto ou suplício. O vento entra livre, o suor evapora, é possível conversar no semáforo, beber água sem tirar o capacete, usar óculos de grau ou Ray-Ban sem adaptações heróicas. O ruído do vento é alto, mas muitos de nós preferimos ouvir o ronco do V-twin ou do bicilíndrico paralelo sem o abafamento excessivo do integral. Ele costuma ser mais leve que capacete fechado, o que significa pescoço menos cansado após cinco ou seis horas de curvas.
A grande desvantagem, e não é pequena, é a proteção facial nula. Estatísticas internacionais mostram que cerca de 70% dos impactos graves em acidentes de motos ocorrem na região da mandíbula e dos dentes. Quem já caiu de cara no asfalto sabe que não há viseira que segure o tranco. Insetos a 120 km/h viram projéteis. Chuva forte entra por baixo da viseira. Poeira de obra ou o perfume de um caminhão de porcos transforma o passeio em martírio.
Os capacetes fechados invertem quase tudo isso. Silêncio razoável, proteção total contra intempéries e insetos, segurança comprovadamente superior em quedas. Em contrapartida, viram estufas ambulantes no calor brasileiro, pesam mais no pescoço, embaçam com facilidade se o pinlock não for de qualidade e roubam parte daquilo que muitos de nós mais prezamos: a sensação de liberdade absoluta, o vento no rosto, o cheiro do eucalipto na estrada.
No dia a dia de quem pilota motos clássicas até 120 km/h, em percursos de lazer, o aberto com viseira longa vence com folga – especialmente se a viseira for de qualidade óptica como a do Tracer S. Acima dessa velocidade, em rodovias ou quando o tempo fecha, o fechado se impõe sem apelação.
Sobre o Urban Tracer S que testei
O acabamento é muito bem feito e a viseira cristal com tratamento anti-risco desce em algumas posições e realmente protege até uns 140 km/h sem muita turbulência incômoda. O forro é removível e é de uma qualidade que poucos capacetes oferecem. O fecho duplo D é padrão corrida; nunca vai abrir sozinho. Peso contido, equilíbrio perfeito.
Um detalhe que não posso deixar passar nesse capacete é o silêncio. Por mais incrível que possa parecer, ele gera menos ruído do que meu capacete Nolan N60-6 e o Bieffe B40, dois capacetes fechados. Acredito que seja pelo material do forro logo abaixo do ouvido.
O estilo é o ponto mais forte do capacete. Apesar de ser um capacete aberto, o formato dele não deixa o piloto cabeçudo, como aquele famoso frango da Sadia, o Lequetreque (sim! Ele tem nome).

Os senões: continua sendo um capacete aberto. Se cair de frente, a proteção é insuficiente para impactos diretos na face. Além disso, ele vem com a viseira cristal e seria bem interessante se ele viesse de fábrica também com a viseira fumê no conjunto.
Conclusão pessoal, após usá-lo na cidade e em estradas mais lentas: o Urban Tracer S tornou-se meu capacete preferido para 90% dos rolês – cidade, serras, viagens de fim de semana até 400 km. Para estradas longas ou quando o céu ameaça chuva forte, mantenho meu Nolan no uso, especialmente para filmagens POV com a DJI Osmo Action.
Recomendo o mesmo caminho a qualquer leitor do Portal Gasolina que pilote uma clássica ou cruiser: tenha os dois.
E você, caro leitor? Aberto ou fechado? Conte nos comentários qual capacete acompanha suas estradas e por quê.





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