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Slow Ride: a revolução silenciosa sobre duas rodas

Atualizado: há 1 dia

Nos anos 1980, quando a primeira loja do McDonald’s abriu suas portas na Itália, um homem chamado Carlo Petrini protestou com uma ideia simples: “Se podemos comer com pressa, também podemos comer com calma. E melhor.” Assim nasceu o slow food, um movimento que valorizava ingredientes locais, tempo de preparo, tradições regionais e, acima de tudo, a experiência de comer. Não era apenas sobre o que se colocava no prato, mas sobre como e por que se comia.


Classic Man Ride tomando café e lançando o movimento Slow Ride

Com o tempo, esse espírito de desaceleração se espalhou para outros campos da vida moderna — da arquitetura à moda, do trabalho ao turismo. O termo “slow travel” (viagem lenta) surgiu como contraponto às excursões cronometradas, aos roteiros de sete cidades em cinco dias, aos voos de madrugada e às fotos tiradas só para provar que se esteve lá. No slow travel, o foco está no mergulho cultural, na vivência, no contato humano, no tempo estendido em cada lugar.


Mas e no mundo das motos?


O nascimento do Slow Ride


Foi aí que começamos a perceber algo semelhante acontecendo sobre duas rodas. Um novo tipo de motociclista começou a surgir — ou talvez um tipo antigo, finalmente redescoberto. Um rider que prefere a estrada secundária à rodovia duplicada. Que escolhe uma Harley ou uma Bonneville em vez de uma superesportiva. Que planeja menos quilometragem por dia e mais paradas sem pressa. Que viaja sozinho ou em pequenos grupos, sem o barulho da performance ou o peso da comparação.


Bonneville rodando numa estrada bonita

Esse piloto não está interessado em velocidade média, em curvas mais fechadas ou em chegar primeiro. Ele está interessado em sentir a moto, a estrada, o tempo, o vento e o próprio silêncio. Está interessado em estar presente. Nasce aí o que chamamos de Slow Ride.


Uma resposta ao mundo fast


Vivemos cercados por versões fast de quase tudo. Fast food. Fast fashion. Fast talk. Fast life. É natural que, em algum momento, essa cultura da velocidade começasse a cobrar um preço: ansiedade, dispersão, cansaço existencial. O Slow Ride surge como resposta existencial à cultura do desempenho. Ele não propõe abandonar a moto potente nem idealiza o passado. Propõe apenas mudar o foco: da performance para o prazer, da pressa para a presença.


A comparação é inevitável. Se o fast food é sobre comer rápido, barato e igual em qualquer lugar do mundo, o slow food é sobre comer bem, com tempo, e respeitando o que cada lugar tem de único. Se o fast ride é o bate-volta de domingo, a motociata apressada, a estrada como obstáculo até o destino, o Slow Ride é o exato oposto: a estrada é o destino. O caminho é a recompensa.


Motos com alma


Não por acaso, os praticantes do Slow Ride tendem a pilotar motos com história, com identidade, com alma. Motos que contam algo sobre quem as criou — e sobre quem as pilota. Royal Enfield, Harley-Davidson, Moto Guzzi, Triumph, BMW antigas. Não é só estética, embora ela conte. É também filosofia de vida.


Cada vibração do motor, cada ruído do escapamento, cada marca do tempo — tudo isso é parte da experiência. A moto não é apenas o meio de transporte. É o instrumento da travessia interior. E, como diria Chesterton, “as coisas mais extraordinárias da vida são as mais simples”.


Slow Ride é liberdade de verdade


O movimento Slow Ride não é um clube. Não tem inscrição. Não precisa de adesivo. Você pode estar nele sem saber. Basta que, em algum momento, tenha sentido aquela vontade de pilotar só para ouvir o motor e pensar na vida. Basta que tenha feito um desvio de 20 km só para passar por uma estrada bonita. Basta que tenha parado em um vilarejo, tomado um café, conversado com um senhor local — e sentido que aquilo valeu mais que mil quilômetros cronometrados.


Se isso já aconteceu com você, então talvez você seja um slow rider.E, se ainda não aconteceu, pode ser hora de tentar.


Desacelere. Ouça o motor. Respire fundo.

Porque há uma nova (velha) estrada diante de você.E ela não tem pressa.





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