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Rota da luz: Off Road de resistência

Você já imaginou fazer uma rota de peregrinação de moto? Pois foi justamente isso que fizemos, percorrendo quase os 201 km da Rota da Luz, que liga os municípios de Mogi das Cruzes e Aparecida, passando por estradas secundárias e trechos rurais de diversas cidades do Vale do Paraíba, no cone leste do Estado de São Paulo.

Passaporte da rota da luz sobre o banco de uma Royal Enfield Himalayan
Nossa Royal Enfield "Imbalaia" e o Passaporte para a Rota da Luz

Antes de mais nada, é preciso ressaltar que fazer a peregrinação de moto não é uma das formas ortodoxas de realizar tal tarefa piedosa, porque, no caso das peregrinações, o que importa é o tempo de caminhada, especialmente em silêncio e oração, desafiar os limites do próprio corpo, e não somente a chegada ao destino.


Ainda que, em alguns trechos desse caminho, de moto, eu tenha rezado muito para não me espatifar nas pedras soltas, pilotar na Rota da Luz não é um ato de piedade por assim dizer, mas exige muito do piloto.


Portanto, se for buscar esse caminho para exercitar suas habilidades de pilotagem na terra, dê preferência para os períodos em que não há tantos peregrinos, que geralmente frequentam ali mais no mês de outubro, época da festa de Nossa Senhora Aparecida.


Início da Rota da Luz: De Mogi das Cruzes a Guararema


Mas, enfim, atendendo ao convite dos Royal Riders do Vale do Paraíba, em parceria com o Off Royal Roça Riders (um spin off dos Royal Riders mais focado em trajetos off road), saímos de Mogi das Cruzes no sábado, dia 27 de maio, já munidos de nossos passaportes – que não adiantariam muito, dado que para cumprir a regra da peregrinação é preciso estar a pé, a cavalo ou de bicicleta.


Nosso primeiro destino era o vilarejo de Luiz Carlos, em Guararema, passando pelo distrito de Sabaúna. Até aí, a estrada de terra foi bem tranquila e, particularmente, eu já conhecia o trecho. De Luiz Carlos até Guararema tem outro trecho rural que, numa Royal Enfield Himalayan, a moto que utilizamos, foi bem tranquilo.

Royal Enfield Himalayans em Luiz Carlos
Distrito de Luiz Carlos (Guararema) - Foto: José Caetano

O trecho de Mogi das Cruzes a Guararema soma 27,2 km.


De Guararema a Santa Branca


De Guararema a Santa Branca, começam os aclives e a paisagem fica esplendorosa ao margear o Rio Paraíba do Sul, mas realmente não há nenhum desafio para as motos nos 19,9 km entre as cidades. Eu diria que esse trecho dá pra encarar até de Harley, sem muita experiência em pilotagem.


estrada entre Guararema e Santa Branca, margeando o Rio Paraíba do Sul
de Guararema a Santa Branca, praticamente só asfalto

Aquela paradinha em Santa Branca para encher o nosso tanque com algum carboidrato e algumas proteínas para seguir o caminho. Já era hora do almoço e os tanques das motos ainda garantiam muita autonomia.


De Santa Branca a Paraibuna


Depois daquele pastel de carne e uma "coquinha" para repor a glicose, partimos para os trechos mais difíceis da rota. O trecho off road que sai de Santa Branca e vai até Paraibuna é longo (30,9 km) e exige, mais do que só habilidade, resistência.


moto em estrada off road com lama
Lama, pedras soltas e "poacas" para deixar o caminho mais legal

Aclives e declives acentuados, com muita pedra solta, alguma lama (pouca no período de inverno), muita "poaca", somadas a paisagens incríveis, mas com muita valeta e muito trabalho de braço.

motos em dirt road com muita pedra solta
Muita pedra solta no caminho

Vencido esse primeiro trecho de dirt road, chegamos em Paraibuna e, para pegar o trecho seguinte da Rota da Luz, tivemos que rodar alguns poucos quilômetros na Rodovia dos Tamoios e depois entramos na estrada que leva até Redenção da Serra.


De Paraibuna a Redenção da Serra


O começo desse percurso de 30,8 km é precioso, passa aos pés da barragem de Paraibuna e nos dá uma dimensão do tamanho da represa que foi responsável pela mudança da geografia da região quando foi criada. Comecinho de asfalto em que demos uma paradinha na entrada de uma bela fazenda para reagrupar as quase 30 motos que fizeram a peregrinação.

motos em rodovia ao lado de barragem de represa
Barragem da represa em Paraibuna, SP

Reunido o povo, seguimos para nosso último trecho off road do dia. Dado o cansaço acumulado da rota anterior, vencer esses últimos bons quilômetros de aclives e declives, com uma queda acentuada da temperatura, foi algo mais desgastante ainda, mas a paisagem vale a pena.


Aliás, para aqueles que dizem que rodar de moto não é uma atividade física, "isso não está coerente com a realidade", como diria minha filha, Manuela, em seu sonambulismo. Todos os músculos do corpo são exigidos, até os que eu não sabia que tinha, especialmente num trecho tão extenso.


No fim da tarde, chegamos à Pousada dos Pereiras em Redenção da Serra, cobertos de poeira, cansados, mas felizes por ter cumprido a primeira pernada da Rota da Luz.


motos em estrada rural
Chegada à Pousada dos Pereiras

De Redenção da Serra a Taubaté


De lá, tomamos a rodovia com destino a Taubaté, mais 41,8 km, e deixamos nossos amigos Royal Riders que passaram a noite e, no dia seguinte, terminaram a Rota da Luz, chegando no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no Vale do Paraíba.


Ainda terminaremos essa Rota para não ficar com a peregrinação pela metade, mas compromissos familiares no domingo nos impediram de finalizá-la com a galera.


Impressões sobre a Royal Enfield Himalayan


Este foi o primeiro grande trajeto misto que fizemos com a Himalayan (150,6 km de extensão, sendo a maior parte Off Road, descontados os exatos 100 km que percorri de casa até a Royal Enfield Mogi), utilizando-a no tipo de terreno que ela gosta de andar, com giro baixo, curtindo a paisagem, e realmente é uma moto surpreendente para uma aventura pelo interior.


Já tínhamos enfrentado um trecho bem penoso quando, recém-adquirida, resolvemos acampar a mais de 1800m de altitude, no Pico do Diamante, no limite entre os municípios de Pindamonhangaba e Campos do Jordão, mas o trecho não foi tão exigente no quesito resistência, porque a maior parte é em uma rodovia muito boa.


Tanto a motoca, quanto o piloto foram bem exigidos na Rota da Luz, talvez pela distância (250,6 km no total - Taubaté, Mogi, Taubaté), talvez pelo fato de estarmos em grupo, o que impede um rendimento maior em trechos mais leves, ou talvez pelas mudanças de temperatura, mas certamente o piloto chegou em casa em condições piores que a moto.


Na verdade, a Royal Enfield Himalayan nem baixou o óleo. A única coisa que tivemos que fazer depois da aventura foi realmente dar um belo banho para tirar a poeira acumulada e lubrificar a corrente.


Impressionante a economia de combustível da moto que fez todo o trecho da Rota da Luz até Taubaté e ainda proporcionou mais umas duas semanas de rolezinhos pela cidade antes de acusar a reserva.


Utilizamos na moto os pneus Ira Bunker, que se mostraram muito bons, tanto para o asfalto como para a terra e lama, já que ele é um 60/40, isto é, 60% de asfalto e 40% de terra. Também colocamos câmara de ar de 4mm, própria para trilhas, para evitar um possível desprazer de ter que desmontar uma roda para fazer um remendo na estrada.


Portanto, se você deseja adquirir uma moto para fazer aventuras com tranquilidade, sabendo que ela não é uma moto de trilha, mas uma aventureira leve, a Royal Enfield Himalayan é uma boa candidata. Só não exija do motor monocilíndrico de 411 cc dela na estrada, ele não foi feito para isso.


Acesse os vídeos desse passeio incrível pela Rota da Luz nos links abaixo. E, se você estiver pensando em fazer essa peregrinação do jeito certo, ou seja, a pé, de bicicleta ou à cavalo, descubra como através do site https://www.amigosdarotadaluz.org/





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