Missão soviética: um sobrevivente da Guerra Fria
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Missão soviética: um sobrevivente da Guerra Fria

Atualizado: 14 de out. de 2020

Apesar de ser um entusiasta dos grandes motores V-Twin de Milwaukee e toda sua potência capitalista, não podia me furtar em me dedicar ao resgate de um verdadeiro sobrevivente da Guerra Fria, um autêntico item da engenharia soviética.


Esse sujeito que vos escreve estava tranquilo, amargando a impossibilidade de rodar com seu Fusca 76 que está na fila de serviços de seu mecânico de confiança desde que, após ter todo exterior e interior reformado pelo Galpão do Beetle, ainda precisava ter a suspensão dianteira trocada. Não que isso fosse um sacrifício enorme, porque realmente não gosto de pilotar carros, mas, quando preciso, uso confortavelmente o Yoshio (o Toyota Yaris automático da minha esposa). E, assim foi até fazermos a GAS-o-LIVE com Geraldo Lima há poucos dias e um bendito carrinho esteticamente exótico foi mencionado bem no fim de duas horas de bate papo.


Apesar de ter desdenhado momentaneamente do citado Lada Laika SW 1991, o frio da noite e os ruídos de seus seres na roça onde vivo, fizeram com que a madrugada convertesse o desdém momentâneo em curiosidade invencível. Chegada a aurora, já mandei aquela mensagem tímida para meu sócio desse Portal, Luiz Gustavo Cabett, sobre a existência de tal máquina.


A resposta veio imediata: – Vai querer o carrinho? Ou vai dar canseira?


O WhatsApp nos permite um tempo para responder (graças a Deus!), mas a coisa era mais forte que eu e a resposta certamente foi algo mais próximo do afirmativo temeroso que consegui emitir, o que já deixou o interlocutor animado. Minutos se passaram até que recebi a oferta da charanga. Perguntei qual a cor da máquina e obtive a obtusa resposta: – Não tem!


Pura provocação, pois o veículo é bege de cor e de documento, o que já me deixou muitíssimo animado, pois detesto carros vermelhos, um dos motivos que me impedem de comprar uma Ferrari, obviamente. Pena que não era o modelo azul pastel, que daí sim me faria subir a serra a pé para buscá-lo.


Nos instantes que se seguiram, o Ladinha já tinha mudado de proprietário três vezes até chegar às minhas mãos, virtualmente, e, só então, pedi uma foto do exemplar importado, fabricado às margens do Rio Volga. Com o negócio fechado, a meta era trazer o carrinho, que estava guardado, por mais de 60Km (30 deles na Serra da Mantiqueira) até minha garagem.


Boris, o Lada Laika SW 2104 1991 em seu atual esplendor

Como não somos discretos e toda oportunidade de uma aventura deve ser agarrada com as duas mãos, e nossa idade emocional de eternos adolescentes bagunceiros (ou tardios) nos impulsiona muito prontamente em direção a acontecimentos que podem ou não afetar nossa integridade física, a saga do «frete» do russinho, que já ganhou a alcunha de Boris, em homenagem ao primeiro presidente russo após o programado e mal explicado «colapso» da União Soviética e que era chegado num pilequinho (provavelmente o motorzinho 1.6 da máquina deva beber tanto quanto Yeltsin) foi devidamente registrada em lives extraordinárias em nosso perfil do Instagram e também gravada e lançada em nosso canal do YouTube.


Acompanhe essa verdadeira montanha russa que foi a descida da serra com o Lada Laika SW 1991, comprovando o quão forte e duradouro são esses carrinhos quase tão indestrutíveis quanto esteticamente controversos e ainda aproveite para viver essa verdadeira experiência social. O mais curioso do evento foi perceber que as pessoas estão pouco preocupadas com dois doidos, portando Ushankas, num carro russo dos anos 90 do século passado, rodando no Brasil em pleno 2020.



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