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Foto do escritorCássio Pinhal

Made Like A Gun - Royal Enfield: A História

Hoje, mais que um brinquedo, meio de transporte ou loucura dos criadores destes incríveis objetos, em 1885 foi criada a primeira motocicleta no mundo pela DAIMLER, na Alemanha, e a partir daí a motocicleta se tornou um verdadeiro estilo de vida.


Royal Enfield Interceptor 2024

A Royal Enfield, com mais de 120 anos de vida é a marca mais antiga em produção de motocicletas de forma contínua no mundo, com participação em 50 países e com crescimento de 50% nos últimos 5 anos traduzindo este estilo com motos modernas mantendo seu design retrô e levando ao público motos fáceis e prazeirosas de conduzir.


No Brasil, a marca, efetivamente, começa suas atividades em 2017, com motos de 500cc, com a Bullet, Continental e a Classic, mas atualmente conta com um catálogo de diversas motos e estilos, com motorização de 350, 411, 450 e 650 cc, e diversos lançamentos que revolucionaram o mercado nacional.


O Início


Mas a história desta incrível marca Anglo-indiana começa no século XIX, mais precisamente em 1891 quando a Cycle Company Towsend, de Enfield Middlesex, começa a fornecer peças de máquinas de precisão à Royal Small Arms Factory, e foi batizada de Enfield Manufacturing Company Limited, que em 1893 torna-se Royal Enfield e registra a marca “Made Like A Gun”.


Antes da primeira moto ser produzida em 1901 no Reino Unido, a Royal Enfield projeta um quadriciclo com um motor De Dion.


Graças a R. W. Smith e Jules Gotiet, que projetaram uma moto com motor minerva de 11,2cv,  a primeira moto da marca é produzida em 1901. O curioso é que esta motocicleta tinha motor frontal preso ao garfo e, logo em 1909 a Royal Enfield lança um motor V2, na Stanley Cycle Show.


Em 1914 o mundo está de pernas para o ar devido a 1ª Grande Guerra, momento em que a Royal faz a primeira moto com motor 2 tempos, porém com esforços todos voltados para a participação da Grã Bretanha no conflito, motivo pelo qual a fábrica interrompe sua produção de motos grandes de 770 cc e motor V2.


Royal Enfield para mulheres

Com motor de 4T OHV e com troca de marchas no pé, em 1924 a Royal Enfield contava com mais 7 modelos, e, além deste, na linha de produção da fábrica, com a rara atenção, há época,  ao público feminino, foi lançada uma moto de 2T de 225cc.



Cheia de histórias, a Royal passou por maus momentos em 1926, quando teve sua fábrica em Redditch afligida por um incêndio.


Com uma equipe criativa, a marca faz alterações significativas no tanque de combustível e foi umas das pioneiras a usar garfo telescópico dianteiro com mola central, em 1928.


A Bullet, moto mais antiga ainda em produção, é lançada em novembro de 1932 na cidade de Londres, com motores de 250, 350 e 500cc, com câmbio no pé, pistões de alta compressão e cilindros de duas válvulas. Em 1936 a moto de 500cc teve reformulação total, ficando muito mais esportiva com, agora, quatro válvulas por cilindro.


Novamente o mundo estava em guerra, e em 1939 a empresa começa a produzir uma grande quantidade de motos pequenas, com motores de 125cc e 2T, que podia ser lançada pelo aviões em paraquedas. A Airbone ficou conhecida como Flying Flea ou “pulga voadora”, em português. 


A chegada na Índia


K. R. Sundaram Iyer lança, em 1949 na Índia, a Madras Motors e faz parceria com a Norton, Matchless e Royal Enfield para importar e comercializar motos. Nesta época as Bullet 350 e 500cc já haviam sido reformuladas, compartilhando quadro, suspensão oscilante, garfo telescópico dianteiro e câmbio.


Na Índia, o exército compra 800 motos Bullet 350cc, fabricadas em Redditch, e entregues em 1953. 


Royal Enfield na Índia

Dois anos depois, a fábrica Indiana é inaugurada sob licença e 163 motos foram montadas naquele ano, momento em que a parceria entre Royal Enfield e Madras consolida a Enfield India.


Mais uma inovação acontece em 1957, quando a Royal Enfield lança na Grã Bretanha a Crusader 250cc, com alternador elétrico e bobina de ignição. Em 1964, a febre das corridas nos cafés da Inglaterra faz com que a marca aposte nesta moda, criando então a Continental GT Café Racer, com o formato do tanque de gasolina inspirado nas corridas, banco de competição, conta-giros e escapamento dimensionado.


Apesar deste lançamento, a crise financeira da empresa, faz com que em 1967 a fábrica de Redditch seja fechada, mantendo apenas a produção da já lançada Interceptor 736cc nas instalações subterrâneas da Enfield em Bradford, Avon. 


Enquanto na Índia, a produção e venda das motos continua, em 1970 é o  fim das atividades da Royal Cycle Company no Reino Unido. Sendo que em 1977 a fábrica indiana começa a exportar motos para Europa.


Anos depois, em 1989, com objetivo de exportação, a marca apresenta a nova Bullet 500cc com 24 cv agora.


Curiosamente, a Enfield Índia produz, em 1993, a primeira moto a diesel do mundo, batizada de Enfield Diesel, com motor de 325 cc no quadro da Bullet.


A Revolução ocorre com a compra da Enfield Índia pelo grupo Eicher, em 1994, e passa a se chamar Royal Enfield Motors. Em parceria com a AVL, a Bullet ganha novo motor de 350 cc, feito de alumínio, e a marca inicia atividade em nova fábrica no Rajastão em 1999.


A Thunderbird é lançada em 2002 na Índia, uma moto estradeira de 5 marchas e, no mesmo ano, no Reino Unido, fãs da marca se reúnem em evento com mais de 1000 motos.


Em 2009 começa a exportação da Classic 500 cc EFI e, em 2011, o “One Ride” se torna realidade, evento que estimula os proprietários a fazerem um passeio anual, no primeiro domingo de abril. 


Depois de 49 anos, a Continental GT volta a ser produzida na novíssima fábrica em Oragadam, com novo quadro e estilo Café Racer. 


Com muita ousadia, os indianos montam a primeira subsidiária da marca na terra da Harley Davidson, em Milwaukee, nos Estados Unidos. No ano seguinte, a Royal aposta nas trail, lançando a aventureira retrô Himalayan 411 cc.


Royal Enfield Himalayan 411


A Royal Enfield no Brasil


Desde 1920, alguns importadores já se interessavam pela marca. Existem registros que até a década de 70, as motos da Royal, de forma descontinuada, eram trazidas da Inglaterra, e também em 1995, diretamente da Índia.


Mas, é importante frisar que a nova fase, com expansão mundial e capitaneada pelo grupo indiano Eicher Motors, iniciada em 2009, deu suas caras em terras tupiniquins a partir de 2012.  


Sério?! – Isso mesmo! Em dezembro de 2012 deu-se início a entrega de um primeiro lote pela marca AME (Amazonas), do Sr. Guilherme Hannud.  Porém, desde 2010, já havia algumas poucas motos rodando em nosso país, com a difícil missão de homologação nos órgãos competentes.


Na época havia um cadastro para interessados na motoca Classic 500 que começaram a ser entregues pela Loja situada na região do Butantã. Inclusive, sobre essa história você pode conferir aqui no Portal Gasolina a entrevista com Alan Fernando “Animal” Girotto, o primeiro funcionário da marca no Brasil e vendedor das 22 primeiras Royal Enfield. 


Allan Fernando Animal - Royal Enfield
Alan Fernando "Animal" no encontro dos Royal Riders em Jarinu, 2022

Dentro desta história o famoso Flávio Bressan foi um dos pioneiros e, que também já contribuiu com uma super entrevista ao Portal Gasolina, ele é um dos maiores conhecedores e entusiasta da marca. Vale a pena assistir e saber como aconteceu, e como se portaram as primeiras motos da marca Anglo-indiana nesta época, lembrando que ele saiu rodando de SP para o Brasília, um verdadeiro teste ride.


Esse lote de aproximadamente 60 motos Classic 500 estava equipado com motor UCE-500, porém não contava com ABS. Algo curioso é que também era oferecido como adicional o Sidecar, equipamento pouco usado, mas que chama muita atenção.


No Salão Duas Rodas em São Paulo, em 2013, além das Classic 500, foi apresentada a novíssima Continental GT535, o que gerou comentário positivo sobre a marca pelas revistas especializadas, mas, sem muita explicação, a parceria para importação acabou no ano seguinte, em 2014. 


Em 2015 a marca montou seu escritório por aqui para estudos de mercado, entretanto só em 2017 é que a Royal Enfield chega definitivamente no Brasil, com uma estratégia bastante ousada e agressiva, com preços competitivos, para não dizer, imbatíveis. Inaugurou sua primeira concessionária em São Paulo, pelo grupo 2W Motors.


Ao longo do tempo a empresa lançou diversas motos que caíram no gosto dos brasileiros, que além do preço convidativo, agora oferecia motocicletas muito mais confiáveis e bem acabadas. 


A família da plataforma “J” foi um grande sucesso, principalmente com a Meteor e Classic, oferecidas com motores 350cc. Assim também aconteceu com as Himalayans 411cc e as twins Continental GT e Interceptor, ambas com motorização de 650cc.


Com diversas concessionárias por todas as regiões do nosso País, em 2022 é inaugurada, não só a vigésima quarta loja, como também sua fábrica em Manaus-AM, sendo a quarta a operar em regime CKD, o que representa um enorme passo para sua consolidação no país, se tornando o segundo maior mercado mundial. 


A plataforma “J”, ano passado, ganhou mais uma integrante, a Hunter 350cc, sendo também sucesso de vendas, principalmente pelo preço. Outra moto que entrou no cenário recentemente foi a esperada Super Meteor 650cc, que apesar do atraso de seu lançamento, dando espaço a algumas concorrentes, se mostra como grande sucesso da marca, tendo seu primeiro lote de 650 motocicletas vendidas em 24 horas na pré-reserva.


Super Meteor 650

Ainda aguardamos os lançamentos, talvez para este ano, da Shotgun 650, uma derivação bobber da Super Meteor e novíssima Himalayan 450cc que ocupará espaço da já cansada 411cc.


E essa foi mais uma história de uma fábrica incrível, que há mais de 120 anos proporciona inovação e resiliência na evolução do mundo moderno.

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